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sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Guerras Sino-Japonesas: humilhação, resistência e transformação na China moderna

Contexto das Guerras Sino-Japonesas e o Século das Humilhações

O estudo das guerras sino-japonesas revela não apenas episódios centrais no processo de transformação da China moderna, mas também elementos estruturantes para entender as dinâmicas de poder, resistência e construção nacional que atravessam o século XX chinês. 

Cena de batalha durante a Guerra Sino-Japonesa Nino Rhamos
Uma cena de batalha durante a Guerra Sino-Japonesa

Tanto a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894) quanto a Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945), também chamada de Guerra de Resistência contra o Japão,

fazem parte do período histórico conhecido como “século das humilhações”, marcado por agressões imperialistas e a luta pela libertação nacional. 

Essas guerras ilustram a passagem de uma China imperial em crise para uma nação que buscava, por meio do confronto e da resistência popular, redefinir seu lugar no cenário global.

1. Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894): derrota, humilhação e transformação

No final do século XIX, a China era um vasto império feudal, já fragilizado pela pressão imperialista ocidental e por conflitos internos. O Japão, por sua vez, surgia como potência regional após a modernização da Era Meiji. 

A guerra de 1894 começa dentro de um contexto de repetidas guerras de agressão contra a China, onde potências imperialistas ocidentais disputavam influência sobre o território chinês e seus recursos.

Soldados japoneses da Primeira Guerra Sino-Japonesa. Nino Rhamos
Soldados japoneses da Primeira Guerra Sino-Japonesa.

A derrota chinesa foi absoluta: o país foi obrigado a ceder Taiwan e as ilhas Penghu ao Japão (autores apontam interferência dos países ocidentais ao Japão, inclusive EUA) e a pagar pesadas indenizações. Essa derrota não apenas aprofundou o sentimento de humilhação nacional, mas também expôs as fragilidades militares, econômicas e políticas da China, destacando a urgência de reformas internas frente à capacidade organizativa do Japão. 

A guerra, nesse sentido, acentuou a condição de semi-colônia, agravando as contradições do sistema imperial chinês e alimentando o desejo de transformação social e política.

2. Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945): Resistência Nacional e Consolidação do Projeto Revolucionário

Entre as décadas de 1920 e 1930, já após o estabelecimento da República da China em 1911/1912, a China permanecia fragmentada, com conflitos entre senhores da guerra e rivalidade entre o Kuomintang (KMT) e o Partido Comunista Chinês (PCC). 

Território chinês tomado antes de julho de 1937 e os avanços japoneses em 1937. Nino Rhamos
Território chinês tomado antes de julho de 1937 e os
avanços japoneses em 1937.

O Japão intensificou sua agressão, ocupando a Manchúria em 1931 e tentando transformar a China em um protetorado por meio das chamadas “21 Questões” em 1915. O cenário era de pressão imperialista cada vez mais intensa, o que fazia crescer o sentimento anti-japonês.

Ocupação japonesa da China em 1940. Nino Rhamos
Ocupação japonesa da China em 1940.

A guerra, segundo a teoria da Guerra Prolongada de Mao Tsé-tung, desenvolveu-se em três fases estratégicas:

  • Ofensiva japonesa e defensiva chinesa (1937): O Japão lançou ataques, ocupando grandes cidades, enquanto a China adotou inicialmente uma estratégia defensiva, baseada na guerra de movimento, com o apoio de táticas de guerrilha e posições fortificadas.

  • Consolidação japonesa e preparação da contraofensiva chinesa: Nesta fase, a resistência chinesa se concentrou nas guerrilhas camponesas lideradas pelo PCC, especialmente atrás das linhas inimigas, com o objetivo de desgastar o exército japonês e fortalecer as bases populares.

  • Contraofensiva chinesa e retirada japonesa: Combinando guerra de movimento, guerra de posições e guerrilha, a China reverteu o quadro, aproveitando o desgaste do Japão, o apoio internacional e a entrada de novos atores na Segunda Guerra Mundial.

A dinâmica interna foi marcada pela formação da Frente Única Nacional Anti-Japonesa, que uniu (ainda que de forma tensa e contraditória) o KMT e o PCC. 

O papel do Partido Comunista Chinês foi decisivo na guerra: mobilizou camponeses, organizou as zonas libertadas (“China Vermelha”) e implementou reformas sociais e agrárias. O PCC consolidou sua base de apoio e fortaleceu sua legitimidade como liderança nacional. 

Mao Tsé-tung adaptou o marxismo-leninismo às condições locais, privilegiando estratégias que visavam conservar forças e desgastar o inimigo, evitando batalhas frontais em situações desfavoráveis. A guerra foi também parte da luta antifascista mundial, recebendo apoio da União Soviética.

Consequências e o Reordenamento da China Moderna

A rendição incondicional do Japão, em 1945, marcou o fim da guerra e abriu caminho para uma reconfiguração profunda da política chinesa. 

Movimento popular de Jining realizando uma reunião de celebração com uma unidade do Oitavo Exército de Rota em 1945. Nino Rhamos
Movimento popular de Jining realizando uma reunião de celebração
com uma unidade do Oitavo Exército de Rota em 1945.

A vitória consolidou o PCC como principal força política e militar do país, legitimando sua capacidade de liderança nacional e de mobilização popular. O período pós-guerra foi imediatamente seguido por uma guerra civil entre o PCC e o KMT, que terminaria com a proclamação da República Popular da China em 1949.

Local do Sétimo Congresso Nacional do PCC. Nino Rhamos
Local do Sétimo Congresso Nacional do PCC.

A Guerra de Resistência contra o Japão não foi apenas uma etapa militar, mas uma experiência decisiva para a construção de um projeto revolucionário e socialista. Representou a passagem da China de uma condição de semi-colônia à afirmação de sua independência nacional, e foi fundamental para estabelecer as bases de uma nova ordem política, social e econômica.

Leia também:

O século das humilhações: quando o imperialismo reconfigurou a China
Por que a China quer Taiwan? A verdade que ninguém te conta
Modernidade e imaginação coletiva no cinema chinês na primeira metade do século XX: disputas simbólicas e construção de pertencimentos


Temas abordados:

Guerras sino-japonesas, Sino-Japanese wars, 中日战争
Primeira Guerra Sino-Japonesa, First Sino-Japanese War, 甲午战争
Segunda Guerra Sino-Japonesa, Second Sino-Japanese War, 抗日战争
Mao Tsé-tung, Mao Zedong, 毛泽东, Partido Comunista Chinês/Chinese Communist Party/中国共产党, resistência nacional/national resistance/民族抗战

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Nino Rhamos

Nino Rhamos é escritor e pesquisador independente. Tem mais de 30 anos de interesse pela China e formação acadêmica em antropologia. Atua desde 2010 com edição de vídeo e, mais recentemente, com tradução textual intercultural e consultoria em temas relacionados à China.

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