Minha atuação em audiovisual acadêmico começou em 2015, quando ingressei na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com foco em antropologia visual. Já trazia uma sólida experiência prévia em edição de vídeo e motion design no setor comercial, que se tornou a base técnica para o trabalho que desenvolvi no ambiente acadêmico e de pesquisa.
Passei a integrar o grupo de pesquisa Imagens, Narrativas e Práticas Culturais (INARRA), dedicado à antropologia visual e à produção audiovisual como ferramenta de investigação e difusão cultural. No INARRA, participei de diversos projetos, incluindo:
- Edição e pós-produção de vídeo-aulas para cursos e formações acadêmicas.
- Documentários etnográficos voltados a registrar práticas culturais e trajetórias individuais.
- Design gráfico para eventos e produções acadêmicas.
Entre 2015 e 2023, também organizei, por dois anos, um cineclube semanal na UERJ, exibindo filmes com recorte sociológico e promovendo debates com professores e especialistas.
Cartaz padrão exposto semanalmente nos corredores da universidade. |
Essa experiência reforçou minha atuação na curadoria e mediação de conteúdos audiovisuais voltados ao público acadêmico e cultural.
Momento de exibição dos filmes com os estudantes atentos (2018) |
Celebração após o debate da primeira exibição do Cineclube das Ciências Sociais (2018) |
O trabalho etnográfico exige não apenas técnica de edição, mas também sensibilidade para preservar o contexto e o significado das imagens. Por isso, aplico princípios narrativos que valorizam a clareza, o respeito aos participantes e a coerência metodológica, sempre em diálogo com as necessidades da pesquisa.
Exemplos de trabalhos etnográficos e videoaulas
Água Fria (documentário etnográfico)
Trabalho de pós-produção para a antropóloga Priscila Faulhaber. Água Fria de Cima é uma comunidade na área do Lago Grande do Curuai, região de Santarém, PA, Brasil. Em depoimentos registrados no dia 3 de dezembro de 2013, moradores identificam-se como remanescentes de escravos (as) fugidos (as) da cabanagem aliados (as) com índios (as) Mundurucu. Os entrevistados falam sobre a Serra do Aracuri como um território encantado, conectado com o igarapé da Água Fria. Imagens gravadas pela própria pesquisadora no dia 2 de outubro de 2015, mostram horizontes fluviais vistos do alto da serra.
NACÜMA - Aquilo Que Nos Pertence
Trabalho de pós-produção para a antropóloga Priscila Faulhaber. NACÜMA reúne testemunhos dos próprios índios Ticuna sobre sua cultura que abrangem visões sobre conhecimento do céu, rituais, patrimônio e significações do museu Magüta, o primeiro museu indígena do Brasil. Entre seus aspectos centrais está o ritual de puberdade feminina. As cantigas relacionadas à fundação desta festa são ensinamentos para a moça que através da cerimônia é preparada para entrar na vida adulta. Trata-se de rito de fertilidade, sendo o recinto de reclusão o microcosmo no qual são inscritos conhecimentos deste povo sobre as relações céu-terra.
Os movimentos dos astros celestes servem igualmente como orientação nas práticas do cotidiano e nos deslocamentos espaciais e temporais. Tais asterismos são imaginados como figuras compostas na imaginação e servem como marcadores da passagem da estiagem para a estação da seca e vice versa. Também dizem respeito a objetos usados no dia a dia, como o paneiro que aparece nas descrições com periquitos pousados em hastes de sua borda. Os depoimentos relacionam tais artefatos ao que se entende por patrimônio, bem como ao Museu Magüta, apesar de sua grande importância ainda pouco conhecido regional, nacional e internacionalmente.