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segunda-feira, 28 de julho de 2025

O século das humilhações: quando o imperialismo reconfigurou a China

A trajetória da China no século XIX é marcada por um profundo processo de subjugação e transformação social, em grande parte impulsionado pelas Guerras do Ópio. Esses conflitos não apenas abriram as portas para a dominação estrangeira, como também simbolizaram o início de um longo período de degradação nacional que ficou conhecido como o “século das humilhações”.

As guerras do ópio na China: Nino Rhamos
Ilustração mostrando a relação imperialista estrangeira junto ao império Qing.

Durante a fase imperialista do capitalismo europeu no século XIX, a Europa buscava expandir seus mercados para a Ásia. Nesse contexto, o contrabando de ópio se transformou no pretexto ideal para impor a força do capital estrangeiro sobre o Estado chinês que já vinha fragilizado por várias questões internas. A chegada das potências ocidentais no país intensificou as dificuldades enfrentadas pela população, que acabou sofrendo com pesados impostos destinados a pagar indenizações decorrentes das derrotas militares. A combinação de fragilização social interna e agressão estrangeira, criou um cenário vulnerabilizou a China completamente.


  • A Primeira Guerra do Ópio (1839–1842) foi liderada pela Inglaterra, terminou com o Tratado de Nanquim, considerado extremamente humilhante. Esse tratado, somado a outros acordos assinados posteriormente, deu o aval para que os estrangeiros assumissem o controle de setores-chave da economia chinesa. Nas cidades portuárias, por exemplo, os próprios chineses passaram a ser tratados como “estrangeiros”.
  • A Segunda Guerra do Ópio (1857–1858) foi travada também pela Inglaterra, mas com apoio da França, o que aprofundou ainda mais a subjugação. Novos tratados e pesadas indenizações recaíram sobre o campesinato, enquanto o controle de portos foram transferidos completamente para as potências estrangeiras. A “Convenção de Pequim”, em 1860, oficializou parte dessas perdas. Com isso, potências como Estados Unidos, Rússia, França, Japão e Alemanha, também passaram a explorar a fragilidade da China. Esse ataque contra a soberania chinesa de forma sistemática ficou conhecido como o sistema das “esferas de influência”, com a chamada “política de portas abertas”, que servia mais aos interesses das potências do que ao da China.

Esse meio século de agressão externa e deterioração interna levou à corrosão completa das estruturas sociais. A corrupção oficial se espalhou e causava cada vez mais indignação da população. As revoltas populares se multiplicaram, o que minou o próprio sentimento de unidade e país. A China, que antes era considerada uma grande potência, neste período tinha virado um consórcio de potências estrangeiras. Uma espécie de “semicolônia” marcada pela instabilidade e por contradições profundas.

Representação do uso do ópio na China — virada do séc. XIX-XX 

Mao Tsé-tung analisou essa condição como uma combinação de semicolonialismo e semifeudalismo, em que uma economia capitalista fragilmente desenvolvida coexistia com estruturas sociais arcaicas. Ele apontou que a contradição principal se dava entre o imperialismo e a China. Esse cenário foi decisivo para o período revolucionário que iniciou em 1924. Para Mao, tratava-se de uma “revolução armada contra a contrarrevolução armada”, enraizada em um contexto específico de dominação externa e crise interna. Por isso, ele a via como parte da Revolução Mundial Socialista. Uma luta que ultrapassava as fronteiras da China ao atingir as bases do imperialismo global.

As Guerras do Ópio, portanto, não foram apenas conflitos bélicos. Elas inauguraram um ciclo de perda de soberania e redefinição forçada da identidade chinesa que só foi retomada com a Revolução Socialista de 1949. O esforço posterior, iniciado com as reformas de 1978, em síntese, pode ser visto como uma tentativa de recuperar o status de grande potência perdido naquele período. Mais do que um passado remoto, esse legado ainda repercute na forma como a China se posiciona hoje diante do mundo.

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Nino Rhamos

Nino Rhamos é escritor e pesquisador independente. Tem mais de 30 anos de interesse pela China e formação acadêmica em antropologia. Atua desde 2010 com edição de vídeo e, mais recentemente, com tradução textual intercultural e consultoria em temas relacionados à China.

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