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quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Ossos de dragão: o remédio para malária que reescreveu a história da China

A história é, por vezes, feita de acasos extraordinários. Uma das mais fascinantes curiosidades da história da China ilustra perfeitamente essa máxima, conectando a medicina tradicional a uma das maiores revelações arqueológicas do país. 

Ossos de dragão: o remédio para malária que reescreveu a história da China. Nino Rhamos
Ilustração de um médico chinês dando a um paciente doente
uma grande tigela contendo remédio.

Tudo começou em 1899, quando Wang Yirong, um estudioso respeitado e chanceler da Academia Imperial de Pequim, adoeceu com malária. Wang era colecionador de bronzes antigos e profundo conhecedor dos primórdios da escrita chinesa.

Ao receber um remédio tradicional de uma farmácia local, ele se deparou com um ingrediente peculiar: "ossos de dragão", que deveriam ser triturados e fervidos para aliviar a febre.

Para sua surpresa, com seu olhar treinado, Wang Yirong reparou que aqueles ossos, naturalmente, eram de animais. Quando ele observou com mais atenção, reparou que tinham gravuras que se assemelhavam às formas arcaicas de escrita presentes em seus bronzes. 

Essa descoberta acidental deu início a uma investigação que levou os estudiosos a rastrear a origem dos ossos até escavações em uma aldeia perto de Anyang, na província de Henan. Ali, foi identificado o berço das escritas de adivinhação da pré-história chinesa, muito anteriores a qualquer registro conhecido até então.

Detalhe de um osso oracular com inscrições antigas da Dinastia Shang, um artefato chave para a história da China descoberto por Wang Yirong. Nino Rhamos
Ossos de oráculo de Yinxu, Anyang, Henan, China. A peça à esquerda (Heji 37986)
pertence ao grupo de adivinhadores Huáng 黃 do período V, que corresponde
aos reinados dos dois últimos reis da dinastia Shang. Contém uma tabela completa
do ciclo sexagenário usada para descrever as datas das adivinhações.

A importância dos ossos oraculares foi monumental. As inscrições neles contidas não eram apenas caracteres primitivos; eram registros detalhados de adivinhações realizadas para os reis da Dinastia Shang (c. 1600-1046 a.C.).

Graças a esses artefatos, foi possível estabelecer uma cronologia completa para as dezessete gerações de reis Shang, confirmando de forma impressionante a precisão da lista de monarcas compilada séculos depois pelo grande historiador Sima Qian. 

Detalhe de um osso oracular com inscrições antigas da Dinastia Shang, um artefato chave para a história da China descoberto por Wang Yirong. Nino Rhamos
Escrita chinesa antiga em plastrão de tartaruga, osso de oráculo da dinastia Shang.

Assim se deu a descoberta de uma das provas mais concretas e fundamentais da antiguidade chinesa, que validou textos históricos e empurrou as origens da civilização para ainda mais longe no tempo, foi resgatada do esquecimento por um estudioso doente e um pacote de "ossos de dragão".


Nota: Este relato tem como base a obra "História da China: o retrato de uma civilização e de seu povo", de Michael Wood.


Leia também:

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O dilema musical na China: a preservação da diversidade e a busca pela unidade nacional 

Relações étnicas na China: diversidade, conflitos e o papel das minorias


Temas abordados:

  • Estudos etnográficos China, ethnographic studies China, 中国民族志研究
  • Ossos oraculares, oracle bones, 甲骨
  • Dinastia Shang, Shang Dynasty, 商朝
  • Wang Yirong, Wang Yirong, 王懿荣
  • História da China, history of China, 中国历史

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Nino Rhamos

Nino Rhamos é escritor e pesquisador independente. Tem mais de 30 anos de interesse pela China e formação acadêmica em antropologia. Atua desde 2010 com edição de vídeo e, mais recentemente, com tradução textual intercultural e consultoria em temas relacionados à China.

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