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sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Como a porcelana moldou o nome "China" no inglês

O nome "China" no vocabulário inglês moderno não deriva, de forma direta e inquestionável, da dinastia Qin (século III a.C.), como muitas vezes se afirma. 

Ao contrário do termo zhongguo (中国), cuja tradução literal como “Estados Centrais” ou “Reino do Meio” foi historicamente flexível, a ligação etimológica entre “Qin” e “China” é mais complexa e cheia de desvios.

Como a porcelana do sul moldou o nome “China” no inglês, superando a associação à dinastia Qin. Nino Rhamos
Marco Polo

Há evidências de que a raiz sin ou cin, presente em textos sânscritos, já circulava antes mesmo da ascensão da dinastia Qin, possivelmente derivada de Jin (晋), um poderoso estado hegemônico do século VII a.C., governado por Chonger. 

Esse detalhe sugere que a associação fonética entre “China” e “Qin” pode ser mais produto de coincidências linguísticas e de rotas comerciais do que de uma origem única e linear.

De "Seres" a "Cathay": múltiplas Chinas na Antiguidade e na Idade Média

O mundo greco-romano conhecia duas Chinas distintas: Sinai/Thinai e Seres (Serica), ambas associadas à exportação de seda, mas não identificadas como o mesmo território. 

O nome Seres (do latim “seda”) ilustra bem esse processo: um produto de luxo acabava nomeando toda uma terra distante. Na Idade Média, a Europa acrescentou outro nome, Cathay, amplamente difundido pelos relatos de Marco Polo.

Como a porcelana moldou o nome "China" no inglês. Nino Rhamos
"Jarra do Dragão Azul e Branco" da Dinastia Ming totalmente restaurada.
Museu de Cerâmica da China em Jingdezhen, Jiangxi. Foto de Zhu Dingwen

Curiosamente, Marco Polo raramente menciona algo como Chin ou China. Quando o faz, refere-se possivelmente a Manzi, região costeira meridional. Foi justamente esse “Chin” do sul que passou a figurar nos registros de comerciantes muçulmanos e, posteriormente, portugueses. 

Ainda assim, no inglês, o termo teve pouca circulação até que um objeto específico mudasse o jogo.

Porcelana: do sul do império às mesas elizabetanas

Foi a porcelana fina do sul da China que consolidou a palavra China no inglês. Quando a louça chegou às mesas da Inglaterra elizabetana, tornou-se símbolo de sofisticação. 

Shakespeare, em Measure for Measure, faz alusão à distinção entre tigelas comuns e “China dishes” (louça chinesa), capturando o prestígio do material. Assim, após um longo percurso, o termo china (porcelana) passou a emprestar sua força semântica para China (lugar), ecoando o que já ocorrera no mundo romano, quando seres (seda) nomeou terras distantes. 

Mais do que um legado imperial, o batismo linguístico da China em inglês foi moldado pelo comércio, pela cultura material e pela circulação global de objetos de prestígio.

Fonte: China, A History (Livro)


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Temas abordados:

Estudos etnográficos China, ethnographic studies China, 中国民族志研究
Etimologia do nome China, etymology of the name China, 中国名称词源

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Nino Rhamos

Nino Rhamos é escritor e pesquisador independente. Tem mais de 30 anos de interesse pela China e formação acadêmica em antropologia. Atua desde 2010 com edição de vídeo e, mais recentemente, com tradução textual intercultural e consultoria em temas relacionados à China.

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