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O objetivo principal deste estudo foi analisar aspectos do xondaro, tendo como base as quatro características principais estabelecidas por Wojciech Cynarski para definir uma arte marcial.


Para isso, o paradigma da corporalidade de Thomas Csordas foi utilizado, empregando os conceitos de pré-objetivo de Marleau-Ponty e habitus de Bourdieu.


O estudo buscou, portanto, compreender de que forma a prática do xondaro impacta o processo de socialização, com ênfase na análise da influência do xondaro como uma arte marcial e o papel do oponente nesse contexto. Para atingir esse objetivo, foram analisados depoimentos do documentário "Xondaro Mbaraete - A Força do Xondaro", realizadas entrevistas virtuais com um xondaro ruvixa, além de estudos prévios sobre o tema.

Nível de acesso:

Aberto

Data de defesa/publicação

2019

Tipo do documento:

Monografia

Idioma:

Português

Instituição de defesa/publicação:

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Autor:

Nino Rhamos (Figueiredo, W. R.)

Banca:

Cláudia Barcellos e Daniela Alarcon

Orientador:

Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque

Departamento:

Antropologia

Assuntos em português:

  • Corporeidade

  • Guarani

  • Xondaro

  • Técnicas de combate

  • Artes marciais

  • Filme documentário

Assuntos em inglês:

  • Embodiment

  • Guarani

  • Xondaro

  • Combat techniques

  • Martial arts

  • Documentary film

Áreas do conhecimento:

  • Antropologia

  • Antropologia visual

  • Antropologia das artes marciais

  • Estudos étnicos

Resumo em português:

A prática das artes marciais pode ser considerada uma tradição ancestral em diversas culturas e continua sendo muito presente atualmente. O presente estudo teve como objetivo examinar os aspectos físicos do xondaro, uma forma de luta Guarani, utilizando as quatro características principais estabelecidas por Wojciech Cynarski para definir o que é uma arte marcial. A pesquisa foi conduzida com base no paradigma da corporeidade de Thomas Csordas, empregando os conceitos de pré-objetivo de Marleau-Ponty e habitus de Bourdieu. O propósito da pesquisa foi compreender como a prática do xondaro afeta o processo de socialização, buscando analisar especificamente a influência do xondaro, enquanto arte marcial, e este Outro, compreendido como adversário. O método utilizado incluiu análise de depoimentos do documentário “Xondaro Mbaraete – A Força do Xondaro” e entrevistas virtuais com um mestre xondaro ruvixa, além de estudos anteriores sobre o tema. Com base na compreensão de que as práticas marciais acontecem em dois momentos, dois eventos performáticos, os resultados sugerem que o xondaro é uma forma não sistemática de alcançar um estágio anterior ao processo de objetificação, segundo a definição de Csordas. A valorização dos elementos sensoriais da prática permite ao praticante atingir níveis de experiência que promovem uma espécie de re-objetificação do mundo, indicando que a prática busca o desenvolvimento da percepção sensorial do praticante, em vez de uma especialização técnica ou justificação racional. O estudo contribui para o campo da antropologia ao trazer novas informações sobre a prática do xondaro e oferecer uma perspectiva antropológica sobre as artes marciais.

Resumo em inglês:

The act of combat is an age-old custom in numerous societies and remains relevant in the present day. This investigation aims to scrutinize the physical features of xondaro, a form of Guarani combat, utilizing Wojciech Cynarski’s four defining characteristics of martial arts. The study employs Thomas Csordas’ embodiment theory, incorporating Maurice Merleau-Ponty’s pre-objectivity and Pierre Bourdieu’s habitus. The objective is to comprehend how the practice of xondaro influences socialization by examining the impact of xondaro as a martial art and the Other, defined as an opponent. The methodology encompasses an analysis of testimonials from the documentary “Xondaro Mbaraete – A Força do Xondaro,” virtual interviews with a xondaro ruvixa master, and previous research on xondaro. As per Csordas’ definition, the results indicate that xondaro is an unsystematic approach to achieving a stage before objectification. The emphasis on sensory components allows the practitioner to attain levels of experience that foster a type of re-objectification of the world, implying that the practice aims to enhance the practitioner’s sensory perception rather than technical expertise or logical justification. This exploration enriches the field of anthropology by providing novel insights into the practice of xondaro and presenting an anthropological outlook on martial arts.

Download do arquivo:


 

O estudo teve por finalidade compreender de que forma a prática do xondaro impacta o processo de socialização, com ênfase na análise da influência do xondaro como uma arte marcial e o papel do oponente nesse contexto. Para atingir esse objetivo, foram analisados depoimentos do documentário "Xondaro Mbaraete - A Força do Xondaro", realizadas entrevistas virtuais com um xondaro ruvixa, além de estudos prévios sobre o tema.


Cena do filme Xondaro Mbaraete - a força do xondaro.

A partir da compreensão de que as práticas marciais ocorrem em dois momentos, dois eventos performativos, os resultados deste estudo sugerem que o xondaro é uma maneira não sistemática de alcançar um estágio anterior à fase de objetificação, conforme a definição de Csordas. A importância dada aos elementos sensoriais da prática possibilita ao praticante atingir níveis de experiência que promovem uma espécie de re-objetificação do mundo, indicando que a prática visa desenvolver a percepção sensorial do praticante, em vez de uma especialização técnica ou justificação racional.


Assista ao documentário:


Essa pesquisa busca contribuir apresentando novas informações sobre a prática do xondaro e oferecendo uma perspectiva antropológica sobre as artes marciais. As descobertas são relevantes para a compreensão dos efeitos das artes marciais no processo de socialização e no desenvolvimento da percepção sensorial do praticante. Sendo assim, esse estudo pretende colaborar para a área da antropologia e, especificamente, para as artes marciais, podendo despertar grande interesse em pesquisadores e praticantes dessas áreas de estudo.

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Individualismo e a trajetória do herói nos lutadores de MMA no filme O Espetáculo da Dor


Este artigo analisa a performance dos lutadores de MMA no documentário The Hurt Business (O Espetáculo da Dor).


O texto apresenta a construção da identidade do lutador através do conceito de individualismo pensado por Gilberto Velho, e utiliza tanto a Jornada do Herói de Joseph Campbell quanto a ideia de constrangimento de Goffman para mostrar o sentido das construções narrativas após a derrota, fomentando no lutador motivos para uma busca incessante pela vitória.

Nível de acesso:

​Aberto

Data de defesa/publicação:

2021

​Tipo do documento:

Artigo

Idioma:

Português

Instituição de defesa/publicação:

PROA: Revista de Antropologia e Arte | UNICAMP

Autor:

Nino Rhamos (Figueiredo, W. R.)

Banca:

-

Orientador:

-

Departamento:

-

Assuntos em português:

  • Individualismo

  • Trajetória do herói

  • Artes marciais

  • O Espetáculo da Dor

  • Técnicas de combate

  • Filme documentário

Assuntos em inglês:

  • Individualism

  • Journey of the archetypal hero

  • Martial arts

  • The Hurt Business

  • Combat techniques

  • Documentary films

Áreas do conhecimento:

  • Antropologia

  • Antropologia visual

  • Antropologia social

Resumo em português:

​Este artigo analisa a performance dos lutadores de MMA no documentário

The Hurt Business (O Espetáculo da Dor). O texto apresenta a construção

da identidade do lutador através do conceito de individualismo pensado

por Gilberto Velho, e utiliza tanto a Jornada do Herói de Joseph Campbell

quanto a ideia de constrangimento de Goffman para mostrar o sentido

das construções narrativas após a derrota, fomentando no lutador motivos para uma busca incessante pela vitória.


Resumo em inglês:

​This paper analyzes the performance of MMA fighters in the documentary The Hurt Business. The paper presents the construction of combatant’s identity through Individualism’s concept by Gilberto Velho, and also uses both Joseph Campbell’s Journey of the Archetypal Hero and Goffman’s concept of Embarrassment to show the meaning of narrative constructions after defeat, foster reasons for a relentless pursuit of victory.

Download do arquivo (pdf):


 

O propósito deste artigo foi examinar o desempenho dos lutadores de MMA no documentário "The Hurt Business" (O Espetáculo da Dor), através da perspectiva da criação da identidade do lutador. Utilizando a teoria do individualismo de Gilberto Velho, o artigo investiga de que modo os lutadores moldam suas identidades dentro e fora do ringue, com o objetivo de se sobressair como indivíduos singulares e diferenciados em um setor extremamente disputado.


Cartaz do filme "The Hurt Business" analisado no artigo "O espetáculo do constrangimento"

Com o propósito de compreender a trajetória dos competidores de MMA, este artigo também emprega a organização da Jornada do Herói de Joseph Campbell, a qual descreve o percurso do herói desde sua origem humilde até o enfrentamento decisivo com o adversário. Tal organização auxilia na compreensão da jornada do lutador, que deve transpor obstáculos e enfrentar desafios incessantes para atingir o triunfo.


Além disso, o artigo usa o conceito de constrangimento de Goffman, que sugere que os indivíduos são capazes de criar uma "impressão" de si mesmos para os outros. Nesse âmbito da luta, isso implica que os combatentes necessitam elaborar histórias persuasivas acerca de suas conquistas e fracassos, com o intuito de preservar a imagem de "herói" e validar suas imperfeições.


Em suma, o artigo investiga a formação da identidade do lutador e a relevância da vitória para a manutenção dessa identidade. Por meio dessa análise, o leitor compreenderá a complexidade da indústria de luta e as motivações que impulsionam os atletas a persistirem, mesmo após derrotas dolorosas. Se você é um admirador de MMA ou tem interesse em sociologia esportiva, este artigo é uma leitura indispensável.

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Assim como o Brasil, a China é um país vasto e influenciado por diversas culturas diferentes. Há 56 grupos étnicos reconhecidos, sendo o Han (汉) o maior deles, correspondendo a mais de 90% da população. Os outros 55 grupos étnicos, apesar de serem minorias, têm uma presença significativa e influente.


Antes de qualquer coisa, devemos lembrar que a cultura é uma construção complexa e que, em termos mais antropológicos, devemos compreender culturas não como práticas engessadas, mas considerando que as influências de diferentes etnias podem se entrelaçar e se sobrepor. Assim, quando falamos em minorias étnicas estamos nos referindo a uma variedade de tradições e costumes que moldam a identidade cultural de um país a partir do momento em que elas se entrelaçam.


Entre os grupos étnicos chineses mais conhecidos estão os tibetanos, mongóis, uigures, dentre outros.



Os tibetanos


Os tibetanos vivem na região do Tibete, no sudoeste da China. Com uma cultura rica e diversa baseada principalmente no budismo tibetano e nas tradições nômades, a cultura tibetana influenciou a cultura chinesa especialmente na arte, na música, na literatura e na religião.



Muitos templos e monastérios budistas na China foram construídos semelhantes aos estilos tibetanos. Alguns gêneros musicais e literários chineses também foram influenciados pela música e pela poesia tibetanas.


A região autônoma do Tibete é uma entidade de nível provincial. Criada em 1965 sobre as regiões tradicionais tibetanas de Ü-Tsang e Kham, toda a area tem em torno de 1,2 milhão de quilômetros quadrados e uma população estimada em 3,4 milhões de habitantes. A língua oficial é o chinês mandarim, mas o tibetano também é usado nos sistemas educacionais e em setores administrativos.





Os mongóis


Os mongóis são um povo nômade que fundou o maior império da história, abrangendo desde a China até a Europa Oriental. Eles praticavam o xamanismo como religião oficial, mas também tinham contato com outras crenças como o cristianismo e o budismo. Eram hábeis guerreiros e cavaleiros com arcos e flechas. Eles também eram comerciantes que aproveitavam a Rota da Seda para trocar produtos com outros povos.



A influência dos mongóis na cultura chinesa foi significativa, especialmente durante a dinastia Yuan (元朝) (1271-1368), quando a China foi governada por Kublai Khan, neto de Genghis Khan. Os mongóis introduziram novas leis, costumes, línguas e religiões na China, além de promoverem o intercâmbio cultural com outras regiões do império.


A Mongólia Interior é uma região autônoma que faz fronteira com a Mongólia e a Rússia. Ocupa uma área próxima de 1,18 milhão de quilômetros quadrados e tem uma população de aproximadamente 25 milhões de habitantes. O clima é continental árido, com verões quentes e invernos frios e tem na agricultura e pecuária umas das atividades econômicas relevantes. Ela também é rica em recursos naturais, como carvão, ferro e petróleo.





Os uigures


Os uigures são um grupo étnico muçulmano que vive principalmente na região autônoma de Xinjiang (新疆), no noroeste da China e falam uma língua estreitamente relacionada ao uzbeque (língua turcomana, idioma oficial do Usbequistão), semelhante às línguas cazaque, quirguiz e turca.



A cultura dos uigures é influenciada pela sua origem turcomena e pela sua religião muçulmana sunita. Eles têm uma rica tradição literária, musical e artística, que reflete a sua diversidade étnica e histórica.


Xinjiang é a maior região territorial da China, com 1,66 milhão de quilômetros quadrados, o que equivale a um sexto do território do país. A capital e maior cidade de Xinjiang é Ürümqi (乌鲁木齐) , com cerca de 2,7 milhões de habitantes e sua população está em torno de 25 milhões de habitantes.


A economia é baseada principalmente na agricultura e no comércio e a região também produz um terço do algodão da China, além de possuírem as maiores reservas de petróleo e gás do país. Nos últimos anos, Xinjiang tem registrado um crescimento econômico robusto, com aumento do PIB, das exportações e importações e da renda dos residentes urbanos e rurais.





O governo chinês tem se esforçado para promover a diversidade cultural e proteger as tradições e costumes das minorias étnicas, o que inclui promover festivais e celebrações culturais, programas de ensino de línguas e o reconhecimento de práticas culturais como patrimônio do país.


Obviamente que todos os esforços não eliminam problemas instantaneamente. As minorias étnicas chinesas enfrentam desafios e discriminação em algumas áreas. Nesse sentido, o governo ainda tem um grande trabalho até atingir a plena igualdade de oportunidades e proteger os direitos dessas comunidades por completo; assim como o desafio de lutar contra especulações estrangeiras pautadas em interesses geopolíticos.


Muitas pessoas ainda imaginam os chineses com base em estereótipos e projeções cinematográficas ocidentais, mas as etnias chinesas têm uma influência significativa em toda diversidade cultural do país.

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Nino Rhamos é bacharel e mestre em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e atualmente pesquisa cinema étnico chinês como doutorando em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Uerj.

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