Quando se fala em antropologia e viagens, logo pensamos em exploradores europeus dos séculos XIX e XX. Mas a China já tinha, muito antes, um personagem fascinante: Xu Xiake (1587–1641). Viajante e escritor da dinastia Ming, ele se tornou tão importante que, hoje, é celebrado como o santo padroeiro do turismo na China.
Representação de Xu Xiake |
Não é pouca coisa: o 19 de maio de 1613, data em que iniciou sua primeira viagem, foi transformado no Dia Nacional do Turismo. Uma homenagem que mostra o impacto de sua obra.
Viagens, ciência e poesia
Xu Xiake não foi apenas um andarilho curioso. Ele percorreu rotas que levavam a fronteiras distantes, chegando próximo a Mianmar, Laos e Vietnã, quase 5 mil quilômetros de Pequim. Viu povos, costumes e paisagens que estavam nas margens do mundo Ming, o “Outro exótico”, como diriam mais tarde os antropólogos.
Rota de viagem de Xu Xiake |
Físico robusto, ágil e destemido, Xu unia a curiosidade científica (tentou até resolver debates sobre as cabeceiras do rio Yangtzé) à sensibilidade poética e espiritual. Seus relatos misturam a racionalidade confucionista com a liberdade taoísta e o misticismo budista.
O primeiro antropólogo chinês?
Embora não tenha sistematizado todas as suas notas, Xu Xiake deixou um legado que combina observação da natureza, descrição minuciosa de povos e paisagens e uma busca constante por conhecimento. Ele viajava sem interesse por cargos ou riqueza, guiado apenas pela experiência e pelo desejo de registrar o mundo.
É por isso que, em tom de brincadeira (ou não), muitos poderiam perguntar: seria Xu Xiake o primeiro antropólogo da China?
Um viajante que arriscava a própria vida em busca de histórias e descobertas deixou para a posteridade não só relatos de viagem, mas um olhar profundo sobre a diversidade da China e de seus vizinhos.
O que você acha: Xu Xiake pode ser visto como um “antropólogo” antes do tempo?
Este texto faz parte da categoria China contemporânea.
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