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domingo, 17 de agosto de 2025

As sombras ancestrais do (电影) “dianying” chinês

A origem do termo "filme" no mandarim (dianying, 电影) se conecta o cinema moderno ao tradicional teatro de sombras (皮影戏). 

O cinema chines e as sombras ancestrais ao (电影) “dianying”

Embora possa ser um conhecimento comum para os chineses, essa relação revela algo interessante que venho constatando em minha pesquisa de doutorado a "tradição" de buscar na histórica os sentidos do presente.

A ancestralidade do cinema chinês e a linguagem das sombras 

Quando o cinema foi introduzido na China no início do século XX, não havia um termo equivalente no vocabulário tradicional chinês para nomear essa nova forma de arte ocidental. A ausência de um nome específico levou à criação de expressões que buscavam ancorar o novo fenômeno tecnológico em práticas já conhecidas pelo público chinês da época. É nesse contexto que surgem expressões como "dianguang yingxi" (电光影戏), literalmente “teatro de sombras elétrico”, e sua forma abreviada, "dianying" (电影), hoje a palavra padrão para “filme” em chinês.

A escolha de "yingxi" (影戏), no entanto, não foi acidental. Ela fazia referência direta ao piying (皮影), o teatro de sombras tradicional chinês, também conhecido como 皮影戏 (piying xi). Nessa forma ancestral de entretenimento, figuras humanas e animais esculpidas em couro eram manipuladas atrás de uma tela e iluminadas por lamparinas, criando imagens projetadas em movimento. 

Essa técnica milenar, profundamente enraizada na cultura performática da China, possui impressionante semelhança visual e funcional com o princípio básico do cinema moderno, que é a projeção de imagens em uma tela para contar histórias através do movimento e da luz.

Atuação por trás do espetáculo de sombras.

Dessa forma, a introdução do cinema na China não foi apenas uma importação técnica, mas passou por um processo de “sinização semântica”, incorporando elementos do imaginário cultural local. O termo “dianying” (电影), que significa filme, em termos atuais, acabou por simbolizar essa fusão entre o novo e o ancestral, o elétrico e o artesanal, o estrangeiro e o doméstico.

O primeiro filme chinês e a continuidade estética tradicional

A convergência entre o cinema e as artes tradicionais chinesas não se limita apenas à linguagem. 

O primeiro filme chinês reconhecido oficialmente, Dingjun Mountain (定军山), foi produzido em 1905 em Pequim, e representa um marco simbólico desse processo de adequação cultural. Trata-se de uma gravação de uma performance da ópera de Pequim (京剧), estrelada por Tan Xinpei (谭鑫培), uma das figuras mais icônicas do teatro tradicional da época, chegou até a ser reconhecido como o "Rei da Ópera de Pequim".

Registro original do filme  Dingjun Mountain (定军山)
Registro original do filme 
Dingjun Mountain (定军山) 

Ao escolher uma performance de jingju (京剧) como conteúdo inaugural para o novo meio de entretenimento, os primeiros cineastas e exibidores chineses não reafirmavam apenas as raízes culturais nacionais diante de uma mídia ocidental, mas também sinalizavam ao público que o cinema não era algo completamente “outro”, ou seja, era, de certo modo, uma continuidade estética e narrativa daquilo que já conheciam.

Simulação da filmagem do primeiro filme chines: Dingjun Mountain (定军山)
Simulação da filmagem do primeiro filme chines: Dingjun Mountain (定军山) 

Atualmente, não é difícil encontrar autores e entusiastas que defendem a ideia de que as origens do cinema chinês estão, em certa medida, ligadas ao 皮影戏 (piying xi). Ainda que não se trate de uma filiação técnica direta, é importante lembrar que cinema não é apenas uma técnica, mas também é narrativa, construção de personagens e como a própria tecnologia se compreende e é utilizada dentro das relações sociais. 

Aproveitem esses dois dos filmes que mais gosto, do período que vai até 1949.  O primeiro é 女俠白玫瑰 (Woman Warrior White Rose) de 1929, seguido pela primeira versão de Hua Mulan. Uma história muito conhecida no ocidente, mas que poucos tiveram a oportunidade de conhecer essa versão em preto e branco.


O contexto chinês, por já ter uma tecnologia similar (em termos conceituais) e aceita pela sociedade, reproduziu nessa nova tecnologia estrangeira, aspectos dos sentidos simbólicos já compartilhados no próprio contexto sociocultural. Embora a influência estrangeira, em termos narrativos, também tenha exercido grande influência nas primeiras produções da primeira metade do século XX.

Leia também 

Temas abordados:

Antropologia do cinema chinês, Anthropology of Chinese cinema, 中国电影人类学
Performance cultural China, Cultural performance China, 中国表演文化
Cinema chinês étnico, Chinese ethnic cinema, 中国民族电影
Teatro de sombras chinês, Chinese shadow theatre, 中国影戏

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Nino Rhamos

Nino Rhamos é escritor e pesquisador independente. Tem mais de 30 anos de interesse pela China e formação acadêmica em antropologia. Atua desde 2010 com edição de vídeo e, mais recentemente, com tradução textual intercultural e consultoria em temas relacionados à China.

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