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APRESENTAÇÕES MUSICAIS E ENCONTROS

Minha relação com a música começou cedo, por volta dos 14 anos, quando iniciei aulas de violão. Pouco depois, recebi orientação de um amigo da família, o Sr. Maurício, que aprofundou minha formação nesse período da adolescência. Aos 18 para 19 anos, ingressei na Escola de Música Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, onde estudei teoria musical e me especializei no estúdio de guitarra, com ênfase em improvisação. Tive como professor Marcelo Araújo, cuja influência vinha do jazz e das experimentações instrumentais que, à época, já incorporavam batidas urbanas próximas ao hip hop.

Minha base, no entanto, vinha do rock dos anos 1970 e 1980 – Led Zeppelin, Jimi Hendrix, Jethro Tull, Dire Straits, entre outros – que formaram o pano de fundo sonoro da minha juventude. A convivência com esses universos distintos moldou minha forma de tocar: entre a liberdade do improviso e a energia do rock.

Ao deixar a Villa-Lobos, mudei-me para Petrópolis e comecei a trabalhar na noite, cantando e tocando violão. Nesse período conheci a Companhia de Teatro Vem Que Tem (hoje Satura Companhia de Teatro), onde iniciei minha trajetória como músico de cena e diretor musical, a partir de 2003.

Em 2005, organizei o show Yandê, com músicos petropolitanos, um projeto de banda ampla (percussão, bateria, baixo, piano e duas guitarras) fortemente inspirado por Carlos Santana. O espetáculo explorava ritmos brasileiros e referências à diversidade cultural do país – indígenas, afro-brasileiros, regionais – traduzindo, de forma intuitiva, uma preocupação com questões étnicas que mais tarde se tornaria também parte da minha pesquisa acadêmica em antropologia.

O show circulou por bairros de Petrópolis e chegou ao Rio de Janeiro. Meu pai, entusiasmado com o projeto, passou a se envolver com o agenciamento dos shows. Sua morte, em 2010, interrompeu de maneira decisiva aquele momento, e embora eu ainda tenha voltado aos palcos com a banda Fixxer em 2012, o impacto pessoal me afastou da música por alguns anos.

Paralelamente, mantive uma carreira em edição de vídeo e animação digital, que acabou me conduzindo ao ingresso na UERJ, em 2015, no bacharelado em Ciências Sociais, com ênfase em Antropologia Visual. Esse novo caminho acadêmico não anulou a música: pelo contrário, ampliou os diálogos entre etnicidade, performance e audiovisual que já estavam presentes, de forma embrionária, em trabalhos como o Yandê.

Nos últimos anos, voltei a colaborar com a Satura Companhia de Teatro como diretor musical. Um dos trabalhos mais recentes foi no espetáculo Jorge, o Santo Guerreiro, apresentado em diferentes temporadas entre 2021 e 2025.

Assim, a música permanece como parte essencial da minha trajetória, entrelaçada ao teatro, ao audiovisual e à pesquisa em ciências sociais.

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