Pesquisa acadêmica e publicações: decodificando culturas e comportamentos
Minha trajetória de mais de uma década dedicada aos estudos das Ciências Sociais, mais precisamente ao estudo da antropologia, é busca explorar as complexidades do comportamento humano e as dinâmicas culturais. Seguindo a linha da antropologia da performance, antropologia visual e estudos étnicos meu trabalho explora a construção da identidade em termos mais amplos.
Minhas investigações abrangem desde as aldeias indígenas Guarani até o cinema chinês do século XX, buscando sempre transformar observações profundas em conhecimento significativo e aplicável. O trabalho, portanto, se materializa em publicações e projetos que combinam rigor acadêmico e uma perspectiva multidisciplinar.
Xondaro Guarani: arte marcial, performance e política
Doutorado em Antropologia: cinema chinês, coletividade e etnicidade – uma história de três décadas

Minha aproximação com a China começou ainda na adolescência, quando o encontro casual com um folheto de Taiji quan me levou da ficção dos filmes estereotipados de artes marciais, para a prática real dessa arte. Entre pequenos grupos de estudo e os primeiros livros de filosofia clássica, descobri uma forma de olhar o mundo que, pouco a pouco, se tornaria parte do meu percurso pessoal e intelectual. Ao longo dos anos, esses primeiros contatos foram se ampliando através de leituras e encontros marcantes com outras pessoas interessadas, mantendo viva a busca mesmo em tempos de escassez de informações.
Com o tempo, me interessei pelo aprendizado do mandarim ao mesmo tempo que o contato com amigos chineses pela internet, foram compondo uma rede de experiências que se estendia para além do que eu já vinha estudando. Essa trajetória seguiu paralela à formação acadêmica e profissional, atravessando a música, o audiovisual e as pesquisa em antropologia.
Hoje, no doutorado, essa bagagem se manifesta na investigação das relações entre indivíduo e coletividade na China, com foco no cinema da primeira metade do século XX, anterior à Revolução Socialista de 1949. O estudo parte de uma análise histórica dos contextos que antecederam a constituição da República Popular, concentrando-se em como as disputas daquele tempo eram expressas e influenciadas pelo cinema.
Analisar esse período significa acionar variáveis pouco consideradas para compreender a China contemporânea e, em última análise, nos ajuda a explicar por que o país muitas vezes é visto como uma "contradição": de um lado, possuindo formas próprias de participação popular; de outro, oferecendo soluções sociais que escapam às categorias tradicionais do mundo ocidental. Na pesquisa, questões de coletividade, etnicidade e identidade revelam, no fundo, a mesma inquietação que começou muitos anos atrás: compreender como imagens e práticas culturais moldam visões de mundo e formas de estar no tempo.
Etnografia multissituada na China: mais de 1.000 km em campo

Como complemento ao meu projeto de pesquisa de doutorado, realizei uma extensa viagem etnográfica à China, percorrendo mais de 1.000 km. Meu trajeto no país incluiu destinos como Shanghai, Changzhou, Suzhou, Hangzhou e Shiyan (Wudangshan).
Durante essa imersão, gravei diversos vídeos que combinam reflexões acadêmicas com observações do cotidiano, oferecendo um olhar aprofundado sobre a cultura, a sociedade e a história chinesa sob uma perspectiva antropológica.
Além das filmagens, as anotações detalhadas que realizei estão sendo organizadas para uma futura publicação em formato de livro e fotografias, com o objetivo de compartilhar com o público não acadêmico, os resultados da minha vivência pelo país.
Para aqueles interessados em uma experiência mais direta da pesquisa de campo, os vídeos desta jornada estão disponíveis no meu canal do YouTube, oferecendo um registro visual e insights sobre as nuances culturais observadas. Lembrando que são vídeos utilizados como material antropológico, portanto, embora editados de forma a melhorar a experiência visual, seguem uma linha temporal da minha experiência, e não necessariamente a organização e a estética de um vídeo documental; ou seja, carregam características de uma filmagem em ambientes não controlados.
Confira a playlist completa aqui.
Mestrado em Antropologia: etnografia em aldeias Guarani e o livro "Xondaro Guarani: arte marcial, performance e política"
Minha dissertação de mestrado em Antropologia pela UERJ trabalhou com observação participante e entrevistas abertas sobre uma prática específica dos indígenas Guarani, o xondaro. A prática corporal agonística, também chamada de dança xondaro, também é compreendida pelos Guarani como uma prática de guerra feita para a proteção da aldeia. O trabalho de campo foi realizado nas aldeias Pyau, em São Paulo - Jaraguá (SP) e Sapukai, em Angra dos Reis (RJ).
Este trabalho não apenas aprofundou, em termos práticos, todo conhecimento que havia adquirido durante o curso de bacharel em Ciências Sociais, ampliando minha compreensão dos sistemas de crenças e práticas culturais em comunidades tradicionais. Ele também lapidou minha capacidade de observação e análise qualitativa em ambientes complexos e desafiadores.
Como resultado, publiquei o livro Xondaro Guarani: arte marcial, performance e política.
Dessa forma, além dos seis anos dedicados à pesquisa para o mestrado e os cinco do atual doutorado, minha experiência em pesquisa qualitativa, também inclui o período do curso de bacharel, onde tive atuação como iniciação científica no projeto Imagéticas Indígenas e Agenciamentos Contemporâneos (PRÓ-ÍNDIO/UERJ), no Núcleo de Antropologia da Arte (NADA/UERJ), e dez anos de trabalho no Grupo de Pesquisa Imagens, Narrativas e Práticas Culturais (INARRA/UERJ).
Somada a outras habilidades — como o trabalho musical, as experiencias em produtoras digitais e no audiovisual —, que permearam minha trajetória e que se apresentaram dentro e fora do ambiente acadêmico como um diferencial sensível para uma melhor compreensão do comportamento humano, minha trajetória se tornou inevitavelmente multidisciplinar. Uma característica que me permite hoje oferecer uma consultoria especializada em adaptação e decodificação cultural voltada tanto para a publicação de artigos e livros com caráter acadêmico, quanto mercado consumidor. Principalmente devido à associação da antropologia a um olhar sensível sobre o “humano”, me garantindo a capacidade de compreender o comportamento para além das análises estatísticas ou da leitura superficial de grupos sociais, que costumam se fixar em categorias como gênero, idade e classe social.
Com base na experiência acumulada ao longo desses anos, posso me aprofundar em todo o espectro do comportamento do grupo social investigado, identificando — com base científica — os elementos simbólicos que estão por trás de uma tomada de decisão. A antropologia, enquanto campo científico fundador dos métodos de pesquisa qualitativa, é o que me fornece as bases teóricas para aplicar esse conhecimento fora do ambiente acadêmico.

