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Suzhou: a beleza dos canais e a antiga rivalidade dos literatos (vídeo)

  • Foto do escritor: Nino Rhamos
    Nino Rhamos
  • 26 de ago.
  • 2 min de leitura

Quando passei por Suzhou, fiquei impressionado não apenas com a beleza da cidade. Os canais antigos e a atmosfera movimentada, que mistura o antigo e o moderno de forma especial, realmente me encantaram.


A cidade é desenvolvida e, caminhando pelas ruas com minha amiga de Changzhou, percebi que ela não fica atrás de Shanghai. Mas, assim como muitas das importantes cidades do sul, Suzhou também guarda uma história incrível, da época em que artistas disputavam protagonismo com outra cidade próxima: Wuxi.


Na dinastia Ming posterior e início da Qing, Suzhou era considerada um dos maiores centros culturais da China. Reunia poetas, pintores e intelectuais em salões literários, e chegou a ganhar fama como berço do chamado “estilo Suzhou”, marcado pela prosperidade econômica e por uma vida urbana sofisticada. 


Canais de Suzhou, China.
Canais de Suzhou.

Mas Suzhou não estava sozinha nesse movimento cultural. A vizinha Wuxi, que conheci apenas de passagem, era sede da famosa Academia Donglin, símbolo da resistência intelectual contra a corrupção imperial. Foi de Wuxi que surgiram ideias neoconfucionistas que defendiam maior autonomia local e inspiraram milhares de literatos no delta do Yangtzé.


A proximidade entre as duas cidades alimentava rivalidades. Suzhou, com toda sua riqueza e sofisticação, era vista por críticos como superficial em comparação com o engajamento político dos literatos de Wuxi.


Fang Weiyi, poeta e historiadora do período, chegou a acusar Suzhou de cultivar apenas “truques de estilo, não a coisa real”. Ainda assim, movimentos como a Sociedade do Renascimento mostram que Suzhou também foi palco de resistência intelectual.


Estar em Suzhou hoje, caminhando entre os canais e as ruas modernas até chegar ao imenso centro comercial da cidade, me fez pensar que essa atmosfera de refinamento e debate nunca desapareceu. 


Terceiro vídeo da minha passagem por Suzhou.

Qualquer especialista em China pode confirmar que lá as cidades têm uma personalidade que influencia a construção identitária das pessoas, fazendo com que esse espírito competitivo espelhem, de certa maneira, a própria competição contemporânea. 


Suzhou continua sendo um espaço onde o tradicional dialoga com a modernidade, guardando a memória de quando rivalizava, mas também se conectava, com vizinhas como Wuxi.


Entre os canais antigos e os arranha-céus modernos, Suzhou guarda uma força única. Não à toa, a cidade entrou no meu roteiro de última hora, por insistência da minha amiga, e valeu cada segundo da visita.


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