Assim como o Brasil, a China é um país vasto e influenciado por diversas culturas diferentes. Há 56 grupos étnicos reconhecidos, sendo o Han (汉) o maior deles, correspondendo a mais de 90% da população. Os outros 55 grupos étnicos, apesar de serem minorias, têm uma presença significativa e influente.
Antes de qualquer coisa, devemos lembrar que a cultura é uma construção complexa e que, em termos mais antropológicos, devemos compreender culturas não como práticas engessadas, mas considerando que as influências de diferentes etnias podem se entrelaçar e se sobrepor. Assim, quando falamos em minorias étnicas estamos nos referindo a uma variedade de tradições e costumes que moldam a identidade cultural de um país a partir do momento em que elas se entrelaçam.
Entre os grupos étnicos chineses mais conhecidos estão os tibetanos, mongóis, uigures, dentre outros.
Os tibetanos
Os tibetanos vivem na região do Tibete, no sudoeste da China. Com uma cultura rica e diversa baseada principalmente no budismo tibetano e nas tradições nômades, a cultura tibetana influenciou a cultura chinesa especialmente na arte, na música, na literatura e na religião.

Muitos templos e monastérios budistas na China foram construídos semelhantes aos estilos tibetanos. Alguns gêneros musicais e literários chineses também foram influenciados pela música e pela poesia tibetanas.
A região autônoma do Tibete é uma entidade de nível provincial. Criada em 1965 sobre as regiões tradicionais tibetanas de Ü-Tsang e Kham, toda a area tem em torno de 1,2 milhão de quilômetros quadrados e uma população estimada em 3,4 milhões de habitantes. A língua oficial é o chinês mandarim, mas o tibetano também é usado nos sistemas educacionais e em setores administrativos.

Os mongóis
Os mongóis são um povo nômade que fundou o maior império da história, abrangendo desde a China até a Europa Oriental. Eles praticavam o xamanismo como religião oficial, mas também tinham contato com outras crenças como o cristianismo e o budismo. Eram hábeis guerreiros e cavaleiros com arcos e flechas. Eles também eram comerciantes que aproveitavam a Rota da Seda para trocar produtos com outros povos.

A influência dos mongóis na cultura chinesa foi significativa, especialmente durante a dinastia Yuan (元朝) (1271-1368), quando a China foi governada por Kublai Khan, neto de Genghis Khan. Os mongóis introduziram novas leis, costumes, línguas e religiões na China, além de promoverem o intercâmbio cultural com outras regiões do império.
A Mongólia Interior é uma região autônoma que faz fronteira com a Mongólia e a Rússia. Ocupa uma área próxima de 1,18 milhão de quilômetros quadrados e tem uma população de aproximadamente 25 milhões de habitantes. O clima é continental árido, com verões quentes e invernos frios e tem na agricultura e pecuária umas das atividades econômicas relevantes. Ela também é rica em recursos naturais, como carvão, ferro e petróleo.

Os uigures
Os uigures são um grupo étnico muçulmano que vive principalmente na região autônoma de Xinjiang (新疆), no noroeste da China e falam uma língua estreitamente relacionada ao uzbeque (língua turcomana, idioma oficial do Usbequistão), semelhante às línguas cazaque, quirguiz e turca.

A cultura dos uigures é influenciada pela sua origem turcomena e pela sua religião muçulmana sunita. Eles têm uma rica tradição literária, musical e artística, que reflete a sua diversidade étnica e histórica.
Xinjiang é a maior região territorial da China, com 1,66 milhão de quilômetros quadrados, o que equivale a um sexto do território do país. A capital e maior cidade de Xinjiang é Ürümqi (乌鲁木齐) , com cerca de 2,7 milhões de habitantes e sua população está em torno de 25 milhões de habitantes.
A economia é baseada principalmente na agricultura e no comércio e a região também produz um terço do algodão da China, além de possuírem as maiores reservas de petróleo e gás do país. Nos últimos anos, Xinjiang tem registrado um crescimento econômico robusto, com aumento do PIB, das exportações e importações e da renda dos residentes urbanos e rurais.

O governo chinês tem se esforçado para promover a diversidade cultural e proteger as tradições e costumes das minorias étnicas, o que inclui promover festivais e celebrações culturais, programas de ensino de línguas e o reconhecimento de práticas culturais como patrimônio do país.
Obviamente que todos os esforços não eliminam problemas instantaneamente. As minorias étnicas chinesas enfrentam desafios e discriminação em algumas áreas. Nesse sentido, o governo ainda tem um grande trabalho até atingir a plena igualdade de oportunidades e proteger os direitos dessas comunidades por completo; assim como o desafio de lutar contra especulações estrangeiras pautadas em interesses geopolíticos.
Muitas pessoas ainda imaginam os chineses com base em estereótipos e projeções cinematográficas ocidentais, mas as etnias chinesas têm uma influência significativa em toda diversidade cultural do país.